quarta-feira, fevereiro 11, 2009

De Profundis

Eu não sei como começar isso. Nunca soube como começar ou terminar alguma coisa... mas essa história de deixar situações em aberto, que antes nunca me incomodou, hoje me perturba no sentido mais literal da palavra. Me tira fora de mim, ter ações e pensamentos que não são coerentes com a forma que eu vejo o mundo. Talvez tu tenha me mudado. Talvez eu tenha me mudado. Talvez eu tenha me mudado pra ti.
Estava pensando e realmente não sei como reagir se um dia eu voltar a te ver_ mesmo sabendo que tu não quer me ver, por mais que custe a aceitar isso. Queria ter alguma palavra tua que me podasse, ou que me desse esperanças, ou que de alguma forma esclarecesse tudo que passa na minha cabeça. Essa coisa de deixar tudo em aberto, de temer dizer qualquer palavra, de teimar em não assumir o que pensa, ou que sente, o que é, nunca me funcionou. Talvez a problemática seja eu, que não dei o primeiro passo. Mas o perturbado é tu, quem me deixou cheia de certezas a partir de ações, mas com a boca dizia coisas que me afastavam. Não tem como se ter certeza do que está acontecendo quando as coisas são assim. Eu não sou segura a ponto de me abrir pra uma pessoa que não dá indício do que pensa ou do que sente.
... E naqueles dias eu queria que tu sentisse... e então tu começou a falar em causas e como sentimentos são superficiais se comparados a uma causa. Não entendi o que era isso na hora. Não entendi porque podia ser tanto uma coisa de dizer que não haveria um casamento_ coisa que obviamente eu sabia_ quanto uma forma de se convencer e se afastar. Pelo menos, assim foi o que pareceu. E eu não estava insana naquela época como estou agora.
Não quero ver, não quero olhar, não quero enxergar a quantidade de lacunas que até agora ficam. Até porque, se me prender em qualquer uma delas, sempre vai ter aquele questionamento: "tal coisa foi por desdém ou porque existe alguma coisa mais sentimental omissa por ali?". Honestamente? Não posso mais ficar nessa, afinal esses pensamentos me estão perambulando tem, o que? Quatro meses? Nossa... quatro meses é muito tempo pra tantos impasses. Quatro meses é muito tempo pra eu não mais sonhar se um dia vou te ver de novo... nem que seja em fotos que eu ainda não vi...
Como disse antes, não sei como eu reagiria com uma posição de certeza caso houvesse a chance de nos reencontrarmos. Até porque, pra mim, tu não quer esse reencontro. Acho que eu me fecharia, me contrairia até ter algum indício de como agir. Só que atos mecânicos não dão brechas pra falhas humanas, logo essa brecha nunca existiria. E eu ficaria tensa e incomodada. E o mais irônico... falhas humanas comportamentais não são uma das coisas mais divertidas da vida? Agir impensadamente não contribui com cores diferentes no dia a dia?
Nossa, como é estranho esse meu conflito interno. Racionalmente, eu te odeio por todas as tuas perfeições e certezas, toda essa "messiez" e raciocínio lógico incontrolável, que sempre me lembrou Spok. E internamente, essa coisa que não sai de mim, que eu não consigo definir nem argumentar, mas que fica ali. Muitas vezes latente, até tomar a força que me tomba. OK, eu tombo fácil... mas isso só no sentido literal da brincadeira. E essa coisa do latente e estrondoso me bate fulminantemente ao pensar, não na questão do recíproco ou não_ porque isso nunca me importou, por mais que preferível_, mas na insegurança de ter ou não sido alguma coisa. Sim, eu gostaria da certeza de ter sido alguma coisa, porque pra mim essa pilha de falhas que eu vejo agora expressa em ti me foi extremamente necessária, e me mudou muito. Foi fundamental pra eu rever muita coisa, da mesma forma que eu sinto como se tivesse me libertado de mim mesma, e de um mundo que eu não sentia segurança a minha volta. Como é estranho... a pessoa que saciou a minha gana por segurança é a única pessoa que consegue me deixar totalmente insegura.
Me é difícil, mas assumi que esse jogo eu perdi. O problema é que não é um jogo, nem nunca foi. Pelo menos pra mim. Mas virou. E eu perdi sem nem saber as regras.

Ainda posso blefar?